quinta-feira, 30 de abril de 2009

Feliz des Aniversário


Hoje estou completando 51 anos e isso é muuuito bom. Nunca tive problemas com idade ou com envelhecer, e sempre gostei de comemorar com festinha ou qualquer coisa que representasse esse dia todo meu. Isso não mudou, mas aprendi com o Chapeleiro Maluco e acrescentei comemorações de desaniversário também. Comemoro porque tenho saúde; porque posso andar, ver, sentir; porque estou acompanhando meu filho crescer; porque ainda faço planos; porque ainda me decepciono; porque ainda estou por aqui...

sábado, 11 de abril de 2009

Estou vendo macaquinhos.


Esse texto eu recebi por email, desses que circulam na web em power point.

COMO SE FORMA UM PARADIGMA (modelo, padrão, exemplo): Um grupo de cientistas colocou 5 macacos em uma gaiola e, no meio desta, uma escada com bananas em cima. Toda vez que um dos macacos começava a subir a escada, um dispositivo automático fazia jorrar água gelada sobre os demais macacos. Passado certo tempo, toda vez que qualquer dos macacos esboçava um início de subida na escada, os demais o espancavam (evitando assim a água gelada). Após certo tempo, nenhum dos macacos se arriscava a subir a escada, apesar da tentação. Os cientistas decidiram então substituir um dos macacos. A primeira coisa que o macaco novo fez foi tentar subir na escada. Imediatamente os demais começaram a espancá-lo. Após várias surras o novo membro da comunidade aprendeu a não subir na escada, embora sem saber porque. Um 2º macaco foi substituído e ocorreu com ele o mesmo. O 1º macaco que havia sido substituído participou, juntamente com os demais, do espancamento. Um a um, os macacos foram sendo substituídos, repetindo-se os espancamentos dos novatos, quando tentavam subir na escada. Ao final, sobrou um grupo de 5 macacos que, embora nunca tenham recebido um chuveiro frio, continuavam a espancar todo macaco que tentasse subir na escada. Se fosse possível conversar com os macacos e perguntar-lhes porque espancavam os que tentavam subir na escada, aposto que a resposta seria: "eu não sei - essa é a forma como as coisas são feitas por aqui..."

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Nas ondas verdes do mar


Dia Internacional de Combate ao Câncer: Eu não gosto dessa visão de combate porque passa a idéia de que o câncer é alguma coisa que vem de fora pra dentro, como se fosse algum tipo de invasor, um vírus ou bactéria e, por isso, precisa ser combatido. Câncer é processo e tem um início imperceptível a olhos humanos, mesmo com todo o avanço da tecnologia de captação de imagens. Quando o tumor se constitui como tal, como matéria, já está com algo em torno de 10 milhões de celulas cancerosas; é porque o sistema de defesa deu uma bobeada e não detectou...o processo. Este modo de funcionamento silencioso ajuda a doença a ser fatal, porque ela é descoberta já avançada. Acho que deveria ser Dia Internacional de Evitamento do Câncer ou Dia Internacional de Prevenção ao Câncer ou qualquer outro nome que não faça a coisa ser pior do que já é. Pelo menos se dissemina a idéia de que pode ser evitado.
Talvez pareça um detalhe essa história com o nome, mas não é. Sempre que damos um nome (nomeamos) pra alguma coisa ou alguém, junto acompanham significados simbólicos (ou códigos) que foram assimilados através da cultura, ou de valores familiares, p. ex.
Assim, quando digo 'flor', o cérebro vê a imagem a qual ele foi 'treinado' a relacionar, ou sente-se um perfume, ou lembramos de algum fato. Combate, pra mim, traz imagens de guerra, de dor, sangue, perda, destruição, morte. Já é muito ruim estar com a saúde abalada; já é muito ruim os efeitos que acompanham o tratamento. Não é preciso acrescentar mais nada, principalmente se forem idéias construídas culturalmente, e que em nada contribuem no processo de resgate da saúde.
A coragem para o tratamento pode ser evocada através de vários outros estímulos...como voltar a mergulhar no mar, "-...nas ondas verdes do mar", foi um ótimo estímulo pra mim.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Decifra-me.....



A gente nasce e cresce ouvindo as pessoas falarem sobre nossa maneira de ser ou de se comportar. A coisa toda funciona como via de mão dupla: um comentario pra um tipo de comportamento; um comportamento pra um tipo de comentario; no começo a criança e as pessoas mais próximas, e depois, conforme se vai crescendo, vamos ampliando com a chegada da escola, dos vizinhos, do bairro etc. É um jogo de vai e vem, constante e contínuo, até que a morte nos separe. E assim a gente vai construindo uma idéia a respeito de quem somos.
Eu saí do câncer diferente do que eu entrei, porque não me relaciono com as pessoas da mesma forma que antes; mudaram meus valores, minhas prioridades, minha disposição pro mundo. O que eu tenho recebido de volta, é o eco destas mudanças; existe uma diferença entre as pessoas que eu já conhecia, as que eu conheci por causa do câncer e as que eu conheci depois. Todos, sem excessão, tem contribuído pra reconstrução da minha identidade.
Com aqueles que já faziam parte de mim o desafio é a renovação; renovar vínculos significa querer continuar com eles, mesmo que de forma diferente do que era. Desse grupo fazem parte a familia, amigos antigos, o trabalho. Algumas pessoas eu conheci no contexto do tratamento, em situações diversas, e ainda não sei se vão ser mantidas, se vão se sustentar fora daquele contexto. Acontece, não é? tipo a gente viaja com um grupo, tudo é super legal, mas quando volta o afastamento acontece, a gente nem percebe...
Conhecer gente nova tem sido o mais divertido pra mim, porque posso 'ensaiar' várias interações diferentes e ir experimentando...

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Espelho, espelho meu...



Eu gosto muito de ainda estar viva, mas é ruim conviver com algumas sequelas; nada grave, algumas são só chatas, e outras vão me levando.
A quimioterapia costuma interromper a menstruação e, no meu caso, precipitou a menopausa e intensificou a instabilidade hormonal natural do período; parei de fumar e fiz por minha conta uma superalimentação pra suportar o período de tratamento e o desgaste provocado pela toxidade da quimio. Ah! e ainda teve a cortisona que compunha a fórmula usada comigo. No final da jornada, estava com 12 quilos a mais, inchada e com o metabolismo completamente maluco. A pele do rosto ficou com umas manchas escuras, perdi o tônus muscular e a plasticidade da pele. Difícil de encarar...olhar no espelho e me perguntar "-cadê eu?".
Nossa imagem, a que vemos e a que é vista, compõe a nossa identidade, que vai sendo construída ao longo de toda a vida.
Além da imagem perdida, ou melhor, modificada, a visão de mundo também deixou de ser a mesma. Passei a vibrar em uma frequência diferente da de antes. "-Cadê eu?" aquela que eu conhecia, que eu sabia como pensava e sentia; aquela que já sabia do que se defender, e porque.
Ok, tá bom...eu obtive uma graça...tenho a chance de reconstruir, é vero, mas dá um trabalhão se reinventar...

sábado, 4 de abril de 2009

Vida que segue.


Ontem foi dia de consulta com o médico, quando levo os exames e a gente conversa sobre como está a minha vida e sobre como estou me sentindo. Não há sinal de câncer à vista.
Me senti passando de ano no colégio e me lembrei do meu pai querido, que valorizava o estudo e a aplicação, e de como eu me sentia feliz quando lhe apresentava o boletim com a boa notícia: aprovada. Bem, também era um alívio pra mim, porque eu não era uma aluna nota dez, fazia os deveres assistindo TV e estudava pra prova só na véspera.
Alegria e alívio, misturados.
Vida que segue....