sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Não desista!

Só hoje, 20 dias depois da 1ª postagem, volto a escrever; não foi por falta do que dizer, mas, sim porque é dificil pra mim acessar as lembranças.
Resiliência é a capacidade que o sujeito tem de superar um evento traumático, seja qual for a natureza do dito cujo. Doença grave e ameaça contra a vida estão incluídos como evento traumático. Pois então, cá estou eu, resiliente que só...Antes de adoecer eu nunca tinha pensado a respeito, mas acho que ninguém pensa nisso antes que algo ocorra e exija da gente uma atitude. Resiliência tem haver com atitude. Me lembro que durante a fase de diagnóstico, fazendo os exames protocolares, dizia a mim mesmo que '-o que tiver que ser, já é (o nódulo estava lá); e o que precisar ser feito, farei! (desistir nunca!)'. Tudo isso não quer dizer que eu não senti muito medo; e chorei muito pensando no futuro do meu filho (na época com 6 anos) e do meu marido. Hoje, acho que minha atitude resiliente começou pela forma como eu enxerguei os acontecimentos. Primeiro porque não quis dramatizar a coisa...algumas pessoas falaram sobre eu não merecer estar doente. Pô, câncer não tem nada haver com merecimento. Tem relação com o estilo de vida, com o que se come, com o ar que se respira; tive câncer de pulmão e fumava desde os 20 anos. Além disso, está comprovado, o contexto afetivo e existencial do sujeito também é determinante; e, devo confessar, como canta o Seu Jorge, naqueles tempos 'eu não andava nada bem'...Outra atitude que eu adotei foi a de encarar o fato como um desafio. Parece meio doido, e foi, ter olhado a situação com uma perspectiva que fez com que eu me organizasse estratégicamente para vencer. Aquele tumor não fazia parte do meu corpo, eu pensava; o tumor era um 'penetra' na minha festa, persona non grata, e, como tal, estava sendo convidado a se retirar. Nada de luta, briga, guerra. Força, muita força, vinda de vários modos, mas isso já é outro capítulo; ou melhor, postagem.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Começando pelo inicio



Como é que se começa? como é isso de 'postar' e ter um blog? como é que se recomeça um caminho, uma vida? depois da 'freada de arrumação' que foi o câncer, aponto a vista pra frente com os retrovisores muito bem regulados e sigo; olhar pra trás, só se for pra conferir. O câncer foi de pulmão, diagnosticado em janeiro de 2005; fiz quimioterapia entre março e setembro do mesmo ano. Todos os tumores (2 deles em torno de 3cm e vários menores) regrediram até não aparecerem mais nos exames de tomografia, até hoje. Desde o diagnóstico já são 4 anos...Só posso dizer que eu escolhi viver e, por isso, digo que o câncer me fez bem.