segunda-feira, 6 de abril de 2009

Espelho, espelho meu...



Eu gosto muito de ainda estar viva, mas é ruim conviver com algumas sequelas; nada grave, algumas são só chatas, e outras vão me levando.
A quimioterapia costuma interromper a menstruação e, no meu caso, precipitou a menopausa e intensificou a instabilidade hormonal natural do período; parei de fumar e fiz por minha conta uma superalimentação pra suportar o período de tratamento e o desgaste provocado pela toxidade da quimio. Ah! e ainda teve a cortisona que compunha a fórmula usada comigo. No final da jornada, estava com 12 quilos a mais, inchada e com o metabolismo completamente maluco. A pele do rosto ficou com umas manchas escuras, perdi o tônus muscular e a plasticidade da pele. Difícil de encarar...olhar no espelho e me perguntar "-cadê eu?".
Nossa imagem, a que vemos e a que é vista, compõe a nossa identidade, que vai sendo construída ao longo de toda a vida.
Além da imagem perdida, ou melhor, modificada, a visão de mundo também deixou de ser a mesma. Passei a vibrar em uma frequência diferente da de antes. "-Cadê eu?" aquela que eu conhecia, que eu sabia como pensava e sentia; aquela que já sabia do que se defender, e porque.
Ok, tá bom...eu obtive uma graça...tenho a chance de reconstruir, é vero, mas dá um trabalhão se reinventar...

Um comentário:

Van disse...

Jogo do contente.... sempre...
O Jogo do Contente !