quinta-feira, 9 de abril de 2009

Nas ondas verdes do mar


Dia Internacional de Combate ao Câncer: Eu não gosto dessa visão de combate porque passa a idéia de que o câncer é alguma coisa que vem de fora pra dentro, como se fosse algum tipo de invasor, um vírus ou bactéria e, por isso, precisa ser combatido. Câncer é processo e tem um início imperceptível a olhos humanos, mesmo com todo o avanço da tecnologia de captação de imagens. Quando o tumor se constitui como tal, como matéria, já está com algo em torno de 10 milhões de celulas cancerosas; é porque o sistema de defesa deu uma bobeada e não detectou...o processo. Este modo de funcionamento silencioso ajuda a doença a ser fatal, porque ela é descoberta já avançada. Acho que deveria ser Dia Internacional de Evitamento do Câncer ou Dia Internacional de Prevenção ao Câncer ou qualquer outro nome que não faça a coisa ser pior do que já é. Pelo menos se dissemina a idéia de que pode ser evitado.
Talvez pareça um detalhe essa história com o nome, mas não é. Sempre que damos um nome (nomeamos) pra alguma coisa ou alguém, junto acompanham significados simbólicos (ou códigos) que foram assimilados através da cultura, ou de valores familiares, p. ex.
Assim, quando digo 'flor', o cérebro vê a imagem a qual ele foi 'treinado' a relacionar, ou sente-se um perfume, ou lembramos de algum fato. Combate, pra mim, traz imagens de guerra, de dor, sangue, perda, destruição, morte. Já é muito ruim estar com a saúde abalada; já é muito ruim os efeitos que acompanham o tratamento. Não é preciso acrescentar mais nada, principalmente se forem idéias construídas culturalmente, e que em nada contribuem no processo de resgate da saúde.
A coragem para o tratamento pode ser evocada através de vários outros estímulos...como voltar a mergulhar no mar, "-...nas ondas verdes do mar", foi um ótimo estímulo pra mim.

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