terça-feira, 7 de abril de 2009

Decifra-me.....



A gente nasce e cresce ouvindo as pessoas falarem sobre nossa maneira de ser ou de se comportar. A coisa toda funciona como via de mão dupla: um comentario pra um tipo de comportamento; um comportamento pra um tipo de comentario; no começo a criança e as pessoas mais próximas, e depois, conforme se vai crescendo, vamos ampliando com a chegada da escola, dos vizinhos, do bairro etc. É um jogo de vai e vem, constante e contínuo, até que a morte nos separe. E assim a gente vai construindo uma idéia a respeito de quem somos.
Eu saí do câncer diferente do que eu entrei, porque não me relaciono com as pessoas da mesma forma que antes; mudaram meus valores, minhas prioridades, minha disposição pro mundo. O que eu tenho recebido de volta, é o eco destas mudanças; existe uma diferença entre as pessoas que eu já conhecia, as que eu conheci por causa do câncer e as que eu conheci depois. Todos, sem excessão, tem contribuído pra reconstrução da minha identidade.
Com aqueles que já faziam parte de mim o desafio é a renovação; renovar vínculos significa querer continuar com eles, mesmo que de forma diferente do que era. Desse grupo fazem parte a familia, amigos antigos, o trabalho. Algumas pessoas eu conheci no contexto do tratamento, em situações diversas, e ainda não sei se vão ser mantidas, se vão se sustentar fora daquele contexto. Acontece, não é? tipo a gente viaja com um grupo, tudo é super legal, mas quando volta o afastamento acontece, a gente nem percebe...
Conhecer gente nova tem sido o mais divertido pra mim, porque posso 'ensaiar' várias interações diferentes e ir experimentando...

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